Sobretudo, a infraestrutura crítica está no centro de ameaças com diferentes motivações — políticas, econômicas, financeiras ou ativistas.
Segundo o relatório de Tendências em Cibersegurança 2025, da ESET, os ataques a infraestruturas críticas continuarão sendo motivo de preocupação.
Os sistemas OT (tecnologia operacional) serão o alvo principal, devido à sua interconexão e papel essencial em setores estratégicos.
Além disso, imagine o que acontece quando uma rede elétrica para, quando um hospital perde acesso a seus dados, ou quando a cadeia de suprimentos de uma grande indústria é interrompida por horas.
Esses não são cenários hipotéticos — são riscos reais enfrentados diariamente por empresas que operam com infraestruturas críticas. E a pergunta que fica é: sua empresa está preparada?
Por isso, fortalecer a cibersegurança desses sistemas é prioridade, sobretudo após conflitos recentes que expuseram falhas com impactos graves sobre a população.
Sistemas que sustentam serviços essenciais — como energia, telecomunicações, saúde e logística — estão sob ameaça constante.
Portanto, proteger infraestruturas críticas deixou de ser uma questão técnica e passou a ser uma prioridade estratégica.
Neste artigo, entenda por que a cibersegurança em infraestruturas críticas precisa estar no centro da estratégia de negócios.
O que é a infraestrutura crítica?
Quando falamos em infraestruturas críticas, nos referimos a sistemas — digitais ou físicos — que são essenciais para o funcionamento da sociedade.
Isso inclui setores como energia, saúde, transporte, comunicações, água, segurança pública e outros serviços fundamentais.
Em outras palavras, são ativos que, se comprometidos por um ataque cibernético, podem causar impactos severos na economia, na segurança da população e na estabilidade de um país.
Embora a América Latina ainda não tenha registrado ataques com o objetivo explícito de desestabilização nacional, isso não significa que empresas responsáveis por serviços críticos estejam imunes.
Pelo contrário, organizações que operam infraestruturas críticas são alvos frequentes de ataques furtivos, em que os cibercriminosos buscam permanecer ocultos por longos períodos. Nesse tempo, eles exploram sistemas com objetivos como:
- Roubo de dados estratégicos;
- Interrupção de operações;
- Implantação de malwares e ransomwares para ataques futuros.
Conforme, o relatório Tendências em Cibersegurança 2025, apontou que o uso malicioso da IA e tecnologias operacionais estão na mira dos ataques a infraestruturas críticas e voltarão a ser uma grande preocupação nos próximos meses.
Um exemplo marcante ocorreu em 2015, durante o conflito entre Rússia e Ucrânia. Um ataque cibernético, utilizando o malware Black Energy, deixou centenas de milhares de ucranianos sem energia elétrica.
Um ano depois, uma variante do mesmo malware voltou a atacar a infraestrutura energética do país.
Esses ataques, embora direcionados a governos, seguem a mesma lógica dos que atingem empresas privadas.
Primeiro, os invasores identificam vulnerabilidades — como sistemas desatualizados ou falhas humanas.
Depois, executam o ataque com foco em causar o máximo de dano operacional ou financeiro.
Prevenção é um papel estratégico para as indústrias
Com o aumento da sofisticação das ameaças, proteger infraestruturas críticas exige ações integradas entre tecnologia, pessoas e processos. Entre as medidas mais recomendadas estão:
- Implementação do modelo de Zero Trust, que assume que nenhum usuário ou dispositivo deve ser automaticamente confiável;
- Segurança em camadas, combinando ferramentas de monitoramento, prevenção e resposta;
- Planos de resposta a incidentes, testados regularmente;
- Capacitação contínua das equipes, especialmente para identificar e evitar ameaças de engenharia social.
As infraestruturas críticas são hoje alvos estratégicos para o cibercrime — e proteger esses ativos não é mais uma questão apenas técnica, mas uma prioridade de negócio.
Quanto antes a liderança agir, mais resiliente será sua organização diante dos riscos que já estão batendo à porta.
Por que a infraestrutura crítica está na linha de frente de ciberataque?
De hospitais e companhias elétricas a sistemas de transporte e produção industrial, infraestruturas críticas são a espinha dorsal da sociedade moderna.
Elas combinam ativos físicos e digitais que, se pararem — mesmo por minutos —, podem gerar impactos sociais, econômicos e até humanitários.
No entanto, a crescente dependência de tecnologias conectadas e ambientes digitais complexos tornou esses sistemas alvos prioritários de ataques cibernéticos.
A consequência? Qualquer falha pode escalar rapidamente de incidente técnico a crise nacional.
Hoje, os cibercriminosos enxergam as infraestruturas críticas como alvos estratégicos, e os motivos são evidentes.
- Alta visibilidade e impacto imediato
Ataques a serviços essenciais ganham repercussão instantânea e geram prejuízos em larga escala.
O caso da Colonial Pipeline, nos Estados Unidos, é um exemplo claro: um ataque de ransomware paralisou o fornecimento de combustível em parte do país, afetando milhões de pessoas.
- Pressão por respostas rápidas
Quando vidas estão em risco ou operações nacionais são interrompidas, a pressão sobre gestores e autoridades para restaurar os serviços ou pagar resgates se torna crítica.
Isso torna as infraestruturas críticas alvos atraentes para extorsões digitais.
- Ambientes legados e desatualizados
Grande parte dos sistemas de controle operacional (OT) utilizados por essas infraestruturas ainda opera com tecnologias antigas, muitas delas incompatíveis com ferramentas modernas de proteção ou sem suporte para atualizações de segurança.
Por fim, essa lacuna técnica amplia drasticamente a superfície de ataque.
Crescimento expressivo de ataques na infraestrutura crítica
Segundo a ENISA (Agência da União Europeia para Cibersegurança), os ataques direcionados a infraestruturas críticas aumentaram mais de 60% entre 2022 e 2024. Os setores mais afetados incluem energia, saúde, transporte e saneamento.
Em 2025, espera-se um aumento significativo nos ataques a concessionárias de água, impulsionado por infraestruturas envelhecidas e baixos investimentos em cibersegurança — o que pode levar a falhas de abastecimento e riscos à segurança pública.
Eventualmente facilitados pelo envelhecimento da infraestrutura e pelo investimento inadequado em cibersegurança.
Esses eventos podem causar consequências severas, desde lacunas na confiança pública, até interrupções nas operações e riscos à segurança pública.
E no Brasil, estamos preparados?
Apesar dos avanços nos últimos anos, o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais importantes.
A modernização de sistemas, a definição clara de responsabilidades entre entes públicos e privados, e o fortalecimento da cultura de segurança ainda são pontos críticos.
A pergunta que precisa ser feita agora não é se essas estruturas serão atacadas — mas quando — e, mais importante: como vamos reagir?
Migração de indústrias brasileiras para ambientes em nuvem
No Brasil, um estudo recente da Forrester em parceria com a Tenable apontou que 8 em cada 10 líderes de segurança cibernética e de TI enxergam a nuvem como sua maior fonte de risco.
Embora o movimento em direção a ambientes multicloud esteja ganhando destaque nas indústrias brasileiras, o cenário de expansão da nuvem reforça a necessidade de uma abordagem mais madura e estratégica.
Ainda que a nuvem ofereça alta escalabilidade, além da infraestrutura necessária para tecnologias, aplicações e serviços que demandam disponibilidade, processamento e armazenamento, qualquer brecha pode ser aproveitada.
Além disso, muitas organizações do setor industrial ainda estão em transição — com ambientes híbridos, parte local (on-premise) e parte na nuvem — o que pode dificultar a visibilidade, a padronização das políticas de segurança e o controle efetivo dos ativos.
Nesse contexto, é fundamental a adoção de medidas para melhorar a postura de segurança em ambientes de nuvem.
Visibilidade e arquitetura de nuvem: a base para uma postura de segurança eficaz
Em ambientes em nuvem — seja pública, privada ou híbrida — a visibilidade total da infraestrutura é indispensável. Isso inclui servidores, aplicações, redes, dispositivos e APIs. Afinal, só é possível proteger o que se conhece e se monitora continuamente.
Contudo, ainda é comum que empresas — inclusive industriais — não saibam exatamente quantos ativos físicos e digitais estão em sua rede, tampouco em que ambiente esses ativos estão hospedados.
Esse cenário amplia a superfície de ataque que pode ser explorada por agentes maliciosos antes que qualquer medida preventiva seja tomada.
Nesse sentido, investir em soluções estratégicas para gerenciar e avaliar a superfície de ataque na nuvem é uma forma de corrigir potenciais vulnerabilidades e ameaças antes que elas possam ser exploradas e se tornem incidentes.
Outra postura essencial é a construção de uma arquitetura de segurança no ambiente de nuvem. Isso envolve ferramentas, processos e políticas integradas desde o planejamento até a operação.
Dois conceitos fundamentais precisam ser compreendidos por líderes de TI antes de construir uma arquitetura segura:
Modelo de responsabilidade compartilhada na nuvem
Ao adotar uma infraestrutura em nuvem, a responsabilidade pela segurança é dividida entre o provedor de nuvem e o cliente. O provedor garante a proteção da nuvem (infraestrutura), enquanto a empresa é responsável por proteger o que está dentro da nuvem — como dados, usuários, permissões e aplicações.
Princípios de segurança de confiança zero (Zero Trust)
O modelo Zero Trust assume que nenhum dispositivo ou usuário — esteja dentro ou fora da rede — deve ser automaticamente confiável. Cada solicitação de acesso deve ser verificada, validada e monitorada. Esse princípio é essencial em ambientes de nuvem, onde o perímetro de segurança tradicional praticamente desapareceu.
Dito isto, a migração para a nuvem, apesar dos ganhos, no contexto industrial representa um novo território, onde a proteção de dados e a continuidade das operações se tornam ainda mais críticas.
Portanto, adotar uma postura de segurança em nuvem proativa, visível e integrada à estratégia de negócios garante que a transformação digital não se torne um risco.
Como mitigar os riscos de ataques a infraestrutura crítica?
Diante das crescentes ameaças à segurança, tanto cibernéticas quanto físicas, vivenciamos um mundo onde o terrorismo não apenas se intensifica, mas também se torna mais abrangente.
A infraestrutura crítica sempre esteve sujeita a riscos vinculados a ameaças físicas, mas agora se vê cada vez mais exposta a perigos no ambiente cibernético.
Tal vulnerabilidade decorre da crescente integração entre as tecnologias de informação e comunicação (TIC) e a própria infraestrutura, além da atuação de atores mal-intencionados dispostos a explorar fragilidades tecnológicas.
Os ataques — que variam de simples a altamente elaborados — têm como alvo locais sensíveis e áreas com grande concentração de pessoas.
Diante disso, as indústrias que operam infraestruturas críticas precisam estar preparadas para lidar com esses ataques, que já não são mais uma questão de “se” vão acontecer, mas de quando vão ocorrer.
Ou seja, as organizações devem se preparar para que, quando o ataque acontecer, consigam controlar os prejuízos e manter as operações com o menor impacto possível.
Para proteger os ambientes de tecnologia operacional (OT) integrados à tecnologia da informação (IT) requer uma abordagem estratégica, segmentada e específica.
Principais soluções de defesa para reduzir riscos e garantir a continuidade operacional
- Segmentação de Rede Robusta
Separar logicamente e fisicamente os ambientes de OT e IT é essencial para evitar a propagação de ameaças.
Soluções como firewalls industriais, zonas DMZ e redes segregadas ajudam a manter os sistemas de controle industrial protegidos, mesmo se os de TI forem comprometidos.
- Monitoramento Especializado para OT/ICS
Ambientes OT exigem monitoramento contínuo com ferramentas específicas que entendem os protocolos industriais e detectam comportamentos anômalos ignorados por soluções genéricas de TI.
IDS/IPS industriais e plataformas de visibilidade OT emitem alertas proativos sobre alterações inesperadas em dispositivos, redes e sistemas de controle.
- Endurecimento de Sistemas OT/ICS
O endurecimento (hardening) dos sistemas industriais envolve a desativação de funções desnecessárias, remoção de serviços inseguros, configuração segura de dispositivos e atualização de firmware sempre que possível.
- Autenticação Multifator e Controle de Acesso Restrito
A aplicação de autenticação multifator (MFA) em estações de operação, painéis de controle remoto e sistemas de supervisão ajuda a mitigar riscos associados ao uso indevido de credenciais.
- Detecção e Resposta a Anomalias Comportamentais
A integração de soluções baseadas em inteligência artificial e machine learning permite detectar comportamentos anômalos em tempo real, tanto em sistemas quanto em usuários.
- Planejamento de Resposta a Incidentes Específico para OT
Uma resposta eficaz a incidentes cibernéticos exige planos específicos para o ambiente OT, que contemplem a continuidade operacional de sistemas críticos.
Esse plano deve incluir procedimentos detalhados para contenção, comunicação interna e externa, tomada de decisões com base em impacto operacional e retorno à normalidade com segurança.
- Backup e Recuperação de Desastres para OT
Implementar rotinas regulares de backup de configurações, dados e imagens de sistemas industriais é vital.
As equipes de TI devem armazenar os backups de forma segura, isolá-los da rede principal e testá-los periodicamente.
Conclusão
Proteger infraestruturas críticas contra ameaças cibernéticas exige uma arquitetura de segurança em camadas, adaptada às particularidades do ambiente OT — não uma solução única.
Portanto, investir em segmentação, visibilidade, controle de acesso e resposta proativa mantém a resiliência operacional frente a ameaças constantes.
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