Nos últimos anos, o termo data poisoning — envenenamento de dados — tem ganhado destaque nos debates sobre inteligência artificial.
Geralmente está relacionado à manipulação de dados de treinamento com o objetivo de comprometer o desempenho ou os resultados de modelos automatizados.
No entanto, limitar esse conceito ao universo da IA é deixar de enxergar uma ameaça muito mais ampla — e potencialmente mais perigosa — que atinge diretamente a integridade dos dados corporativos, especialmente em ambientes baseados na nuvem.
Neste artigo, vamos discutir os impactos do data poisoning na integridade de dados na nuvem e práticas para mitigar os riscos e proteger sua organização.
O que é o data poisoning?
Tradicionalmente, o data poisoning é um tipo de ataque cibernético, onde os alvos são os dados usados para construir modelos de inteligência artificial e aprendizado de máquina.
Os invasores tentam inserir informações enganosas ou incorretas no conjunto de dados, criando uma linguagem corrompida.
Isso pode ser feito adicionando novos dados, alterando dados existentes ou até mesmo excluindo alguns dados.
O objetivo por trás do envenenamento de dados é um ataque direcionado para influenciar o comportamento do modelo de resposta e prejudicar a capacidade de tomada de decisões.
Embora o termo seja recente, a prática surgiu na mesma época que a IA, com o objetivo de atacar recursos tecnológicos baseados nessa estrutura.
Entretanto, a ideia central do ataque pode ser usada para qualquer ambiente onde os dados são críticos, como banco de dados corporativos, sistemas na nuvem e pipelines de dados.
Impactos na integridade de dados na nuvem
Segundo a Gartner, espera-se que em 2025 pelo ou menos 85% das organizações estejam utilizando a computação em nuvem.
Contudo, a nuvem continua sendo um alvo valioso devido ao seu vasto volume de dados, escalabilidade e erros de configuração exploráveis.
Em 2024, a CrowdStrike identificou um aumento de 26% em intrusões na nuvem, o que indica que mais adversários estão mirando os serviços na nuvem.
Nesse aspecto, o envenenamento de dados é um risco real em ambientes de nuvem, utilizando meios como:
- Acesso indevido e modificação de registros críticos (por invasores ou insiders).
- Injeção de dados falsos em sistemas de coleta e análise de dados.
- Corrupção deliberada de backups e dados de recuperação.
- Manipulação em tempo real de dados de sensores ou logs para mascarar atividades maliciosas.
Confidencialidade e disponibilidade costumam dominar o debate sobre segurança da informação, mas a integridade dos dados é, muitas vezes, a peça-chave que garante a confiabilidade de operações, decisões estratégicas e conformidade regulatória.
Olhando para o cenário atual, é necessário aderir estratégias de segurança em ambientes multicloud para mitigar os riscos de ataques a integridade dos dados.
Uma empresa que não investe em segurança para manter os seus dados protegidos, se expõem a riscos como roubo de informações, danos financeiros, jurídicos e de reputação.
Além disso, as organizações também podem estar sujeitas a multas e implicações legais de regulamentos de privacidade e dados cada vez mais rigorosos.
A integridade dos dados depende de uma abordagem abrangente, que envolve a infraestrutura de TI, as políticas e as pessoas da organização.
Portanto, manter a integridade dos dados é mais que uma questão operacional ou de conformidade, mas um imperativo estratégico que afeta todas as facetas do relacionamento de uma organização com seus clientes e mercado.
A nuvem como vetor: mais flexibilidade, mais riscos
A computação em nuvem transformou a maneira como empresas armazenam, processam e compartilham dados.
Sua escalabilidade, flexibilidade e capacidade de integração com diversos serviços tornam o ambiente ideal para a inovação digital.
No entanto, essa mesma complexidade pode se tornar um terreno fértil para ameaças direcionadas à integridade das informações.
Ambientes multiclouds, onde recursos são compartilhados entre múltiplos usuários, aumentam a interdependência e dificultam o isolamento de falhas.
Integrações contínuas com APIs, pipelines de dados automatizados e fluxos em tempo real — comuns em arquiteturas modernas — abrem múltiplas portas para possíveis adulterações.
Se uma dessas interfaces estiver mal protegida, um invasor pode não apenas acessar os dados, mas também alterá-los de forma sutil e persistente.
Outro ponto crítico é a gestão de permissões e identidades. Em infraestruturas complexas, é comum que credenciais com privilégios excessivos circulem entre ambientes de desenvolvimento, teste e produção.
Um único ponto mal protegido pode permitir a um atacante inserir, modificar ou apagar dados estratégicos — e em muitos casos, sem disparar alarmes.
Além disso, a própria natureza efêmera de muitos recursos em nuvem — como containers e funções serverless — pode dificultar a retenção de logs completos e a rastreabilidade de ações maliciosas, o que favorece ataques silenciosos à integridade dos dados.
Como mitigar os riscos de data poisoning?
Primeiro, a defesa contra o envenenamento de dados exige uma abordagem abrangente e robusta que combine o gerenciamento de dados com técnicas avançadas de detecção de anomalias.
Procedimentos rigorosos de validação podem impedir a introdução de dados contaminados a partir do monitoramento de dados, sua procedência e histórico.
Ajudando a localizar e remover fontes de dados potencialmente prejudiciais e evitar o envenenamento dos dados.
Do mesmo modo, usar estratégias de segurança de acesso e identidade como Zero Trust, MFA e IAM para limitar os acessos ao que é estritamente necessário e diminuir o risco de acessos não autorizados é essencial.
Veja mais práticas para proteger a integridade de dados da sua empresa:
- Criptografia de dados;
- Backups fora do ambiente de nuvem;
- Auditorias contínuas para registros não sejam alterados;
- Treinamento e capacitação das equipes para identificar riscos.
Dessa forma, ao adotar uma abordagem completa de segurança, que combine tecnologia, processos e cultura é possível garantir a integridade dos dados na nuvem.
Conclusão
Sobretudo, o cenário de cibersegurança continua mudando rapidamente e apresentando desafios consideráveis para as organizações.
A resiliência, inovação e capacidade de adaptação dos adversários ressaltam a necessidade crítica de um abrangente entendimento das ameaças atuais, em todos os aspectos do cenário.
As organizações precisam adotar ferramentas de detecção de ameaças e devem monitorar o comportamento em ambientes locais e na nuvem, a fim de detectar uma visibilidade ampla e defesa unificada contra os adversários.
No relatório anual da CrowdStrike, recomenda-se que as empresas protejam a nuvem como infraestrutura central.
Plataformas de proteção de aplicações nativas em nuvem (CNAPPs) com capacidade de detecção e resposta na nuvem (CDR) são essenciais para conter as ameaças.
Além de, oferecerem uma visão unificada da postura de segurança na nuvem, ajudam a detectar, priorizar e remediar os erros de configuração, vulnerabilidades e ameaças rapidamente.
Em um mundo cada vez mais orientado por dados, ignorar essa dimensão é abrir espaço para decisões erradas que podem custar caro.
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