Sobretudo, a LGPD trouxe figuras importantes para a dinâmica que envolve o tratamento e a proteção de dados, entre eles está o DPO (Data Protection Officer).
Que a verdade seja dita: a transformação digital está revolucionando o cenário empresarial, mudando como as organizações operam e se relacionam com os clientes.
Para que as empresas se protejam e protejam seus dados de riscos digitais, é necessário que se adequem à LGPD.
Tal ação garante a privacidade dos dados pessoais, de clientes, fornecedores, parceiros e colaboradores.
Surgindo como um ator que compõe a estrutura de governança das organizações que lidam com dados e o seu papel está previsto na LGPD.
Quer saber mais sobre a atuação desse profissional e o seu papel na transformação digital? Continue a leitura para entender mais.
Qual a função do DPO?
Primeiramente, o DPO (Data Protection Officer) é o especialista encarregado pelas questões relacionadas à proteção dos dados, sua função é acompanhar, com base nos acessos e interações com as plataformas e redes sociais, os hábitos dos usuários.
É importante ressaltar que o DPO não é um agente de tratamento segundo a LGPD. Portanto, ele não possui como atribuição implementar medidas de segurança, mas orientar e conduzir os agentes para que adotem as melhores práticas.
Esse especialista é uma peça-chave para o time estratégico e responsável por auxiliar a empresa na estruturação de um programa de compliance mais focado na segurança de dados.
Além disso, é um aliado essencial para as empresas, orientando na jornada de cumprimento das suas obrigações perante a LGPD e garantindo a proteção dos dados pessoais.
Nesse sentido, ele atua como um ponto de contato entre a empresa, os titulares dos dados e as autoridades reguladoras. O art. 42, da LGPD, determina as suas principais atividades, entre elas:
- Monitoramento do nível de conformidade legal;
- Comunicação e prestação de esclarecimentos aos titulares de dados pessoais;
- Comunicação e adoção de providências determinadas pela ANPD;
- Orientação aos colaboradores da instituição acerca das melhores práticas em relação à proteção de dados;
- Avaliação de riscos em relação às atividades de tratamento de dados pessoais;
- Recomendação interna acerca da elaboração de relatórios de impacto à proteção de dados;
- Formulação de regras e boas práticas para o bom funcionamento do Programa de Governança;
- Elaboração do mapeamento do ciclo de vida dos dados pessoais;
- Avaliação das atividades que geram riscos à organização e aos titulares de dados;
Portanto, a posição que o DPO exerce é extremamente necessária em um mundo movido a dados.
DPO como facilitador de estratégias de segurança cibernética
A importância de estar de acordo com as novas leis e regulamentações de privacidade de dados coloca o DPO ou encarregado de dados como uma peça fundamental na organização.
Isso porque esse profissional especializado entende as implicações legais do processamento de dados pessoais, permitindo às empresas demonstrarem o seu compromisso com a privacidade e segurança.
Além de, estabelecer a confiança com os clientes, parceiros e stakeholders. Atualmente, 79% das empresas já estão adequadas à LGPD e é preciso ressaltar a atuação do encarregado de dados nesta evolução.
Mesmo que a confiança seja um ativo elusivo, na era da transformação digital, está ao alcance das organizações que implementam ações assertivas, como a adoção de uma estratégia de segurança cibernética efetiva.
Afinal, como bem lembrado por Stéphane Nappo, então Chief Information Security Officer da Société Générale, em artigo um para a 1st Global Cyber Security Observatory:
“Leva-se 20 anos para construir uma reputação e alguns minutos de incidente cibernético para arruiná-la.” Essa declaração ilustra a fragilidade da confiança na esfera digital.
Apesar da adoção de uma cultura preventiva, ainda que o DPO execute seu trabalho com excelência, é preciso ter um plano de contingência em caso de vazamento de dados.
Dessa forma, a melhor maneira de uma organização lidar com o cenário de ameaças, que muda constantemente, é ser capaz de proteger os ativos tangíveis e intangíveis da empresa
A realidade é que sempre existe a possibilidade de vazamentos, sejam eles intencionais ou não. Nesse contexto, estabelecer procedimentos e recursos para assegurar a detecção de riscos digitais é um desafio significativo.
Principais desafios enfrentados pelos profissionais de privacidade e proteção de dados
Embora, o DPO exerça um cargo de suma importância, existem inúmeros desafios que esse profissional enfrenta no seu dia a dia.
Um dos grandes desafios enfrentados é a proteção dos dados da organização, clientes, colaboradores e parceiros contra exposição indevida.
Na era digital, onde somos movidos a dados, se torna difícil controlar a segurança de dados.
Além disso, muitos dados já foram expostos em grandes vazamentos, logo os DPOs precisam garantir que esses vazamentos não causem um efeito cascata.
Contudo, outro desafio enfrentado é a necessidade de se ter uma visão holística de várias áreas e um conhecimento multidisciplinar para cumprir esse papel.
Esse é um grande desafio porque a LGPD é complexa e abrangente, e engloba muitos conceitos e diretrizes.
Além disso, existe a diversidade das empresas que variam de tamanho, setor e modelo de negócio,
Outro desafio a ser considerado é a integração do mindset da cultura de proteção de dados em outros setores e entre os colaboradores.
Por isso, a necessidade da realização de treinamentos e desenvolvimento contínuo de todos da organização.
Nesse aspecto, também é preciso lidar com a falta de maturidade organizacional com relação à privacidade, proteção de dados e segurança da informação.
Enfim, é preciso transformar a cultura e as pessoas, para, só assim, promover a transformação necessária de forma efetiva e prática.
Transformação digital e o impacto na segurança da informação
A transformação digital é amplamente influenciada por um conjunto de fatores-chave que estão moldando o futuro.
No entanto, com o aumento do uso de tecnologias digitais e o crescente volume de dados produzidos, a cibersegurança tornou-se um aspecto crítico da transformação digital.
“Com avanço tecnológico e o compartilhamento de informações, não há sequer um segundo em que não estamos vulneráveis e à mercê da violação de dados pessoais, a proteção destes elementos é uma garantia fundamental de todos nós.”
Logo, enquanto as empresas adotam novas tecnologias digitais e movem suas operações para a nuvem, elas se expõem a novos riscos de segurança, como ataques cibernéticos, violações de dados e infecções por malware.
Porém, os ataques de segurança e os riscos digitais causados pela aceleração do meio digital, têm crescido cada vez mais e causado consequências devastadoras para os negócios e pessoas.
Como tal, a segurança cibernética deve ser considerada um componente central de qualquer estratégia de transformação digital.
Por outro lado, diversas empresas ainda possuem uma segurança para proteger as informações fraca, ou seja, há muito o que ser feito em termos de segurança cibernética.
Tornando ainda mais necessário o investimento em estratégias e soluções para mitigar os riscos que acompanham essas mudanças.
Ao analisar os motivadores e as tendências que afetam o futuro da segurança digital, tomadores de decisão podem desenvolver de forma proativa estratégias que os capacitem para o enfrentamento de desafios mais prováveis à sua frente.
O estudo global da Deloitte “Future of Digital Trust” identificou oito implicações críticas das tendências digitais:
- Fragmentação e expansão da responsabilidade com o digital;
- Sustentabilidade;
- Governança de dados;
- Digital como entidade especial;
- Obsolescência da verdade singular;
- Evolução da metodologia;
- Potencial habilitador da tecnologia;
- Importância da qualidade da interconexão;
Algumas empresas podem ainda não estar cientes da amplitude e profundidade das implicações apresentadas no estudo, e outras podem nem sequer ter considerado a inclusão delas em suas estratégias de segurança cibernética.
No entanto, esses aspectos são relevantes e eles permitem que as organizações invistam em esforços para mitigar proativamente os riscos associados a processos, tecnologia, pessoas e governança.
Por trás de cada passo para alcançar uma transformação digital bem-sucedida está uma estratégia de segurança cibernética hermética: a bússola que aponta o caminho para a confiança digital.
Portanto, o papel do DPO na transformação digital é garantir que a empresa esteja em conformidade com as regulamentações e orientar a empresa sobre as suas obrigações quanto a segurança cibernética e a proteção de dados.
Soluções para mitigar os riscos digitais em meio a transformação acelerada
Antes de tudo, a transformação digital impõe desafios inéditos à proteção de dados pessoais.
As empresas precisam estar prontas para enfrentar esses desafios, adotando medidas de segurança adaptadas à sua realidade.
Nesse cenário, o DPO emerge como um aliado essencial, orientando as empresas na jornada de cumprimento das suas obrigações perante a LGPD.
Para mitigar os riscos digitais durante a transformação digital acelerada, é essencial adotar uma abordagem abrangente de segurança cibernética.
Aqui estão algumas soluções e o papel do Data Protection Officer (DPO) nesse contexto:
Avaliação Contínua de Riscos:
- Realizar avaliações regulares para identificar e priorizar riscos.
- Implementar medidas de mitigação baseadas nos resultados dessas avaliações.
Educação e Treinamento:
- Promover uma cultura de segurança cibernética através de treinamentos contínuos para funcionários.
- Sensibilizar sobre práticas seguras e políticas de segurança.
Tecnologias de Segurança Avançadas:
- Utilizar ferramentas de detecção e resposta a ameaças (EDR).
- Implementar soluções de segurança baseadas em inteligência artificial e machine learning.
Políticas e Procedimentos de Segurança:
- Desenvolver e manter políticas claras de segurança da informação.
- Garantir que todos os processos estejam alinhados com as melhores práticas de segurança.
Monitoramento e Resposta a Incidentes:
- Estabelecer um centro de operações de segurança (SOC) para monitoramento contínuo.
- Ter um plano de resposta a incidentes bem definido e testado regularmente.
Essas ações são cruciais para garantir que a transformação digital ocorra de maneira segura e em conformidade com as regulamentações de proteção de dados.
Como disse Alan Turing: “nós só podemos ver um pouco do futuro, mas o suficiente para perceber que há muito a fazer.”